Esperando que um breve acto de
amabilidade me traga um sorriso ao ouvido, encolho-me na ilharga de um beco, em
tumulto comigo próprio, atabalhoado. Desejo que não me aconteça nada que faça
de conta estar bem porque não é nada, desejo que o fundo deste beco seja apenas
mais uma esquina virada.
Caminho para fora da sombra na
esperança que a luz me traga aquela voz límpida como a chuva de cristal que
molhou os vidros da minha casa. Que não fica neste beco, não fica por aqui para
estes lados, mas não me larga.
Por baixo dos meus pés ecoa o
chão que eu pensava sólido, de macadame e com camadas de pedra intervaladas com
terra. Supostamente uma estrada.
Espero que o meu desejo apenas
seja isso mesmo, uma vontade ou aspiração, que nada me aconteça na ilharga dos
passos que faço no que dou mais para os outros que para mim próprio e que não é
o facto de sentir que afinal, realmente, não somos nada.
Caminho para fora da sombra na
esperança de continuar, mais nada. Com quem, só, sei lá, acho que é uma
teimosia continuar vivo e já não me detenho a perguntar. Sei tanto disso como
já o senti como se diz que não sabemos nada. Que não fico mesmo estando parado
é o que tento fazer sempre que me reparo.
Por baixo dos meus pés por
vezes a chuva molha-me até a alma, por baixo dos meus pés acontecem caminhos
que não dou conta mas que são como são porque os faço.
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